Adolescente de 15 anos sofre ataques racistas em escola particular de Brasília
01/05/2024
Caso é o 2º registrado em um mês em colégios particulares da capital; ofensas ocorreram durante jogo de alunos do 9º ano. Colégio diz que não compactua e repudia toda forma de discriminação. Mensagens trocadas entre alunos do Colégio Pódion, em Brasília
Reprodução
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o 2º caso de racismo em menos de um mês dentro de uma escola particular da capital. Segundo a denúncia, os ataques aconteceram na quadra de esportes do Colégio Pódion, na 713 Norte, no último dia 19.
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Segundo a Polícia Civil, os alunos do 9º ano estavam jogando queimada quando uma aluna ofendeu outra estudante com xingamentos racistas. O pai da menina, de apenas 15 anos, disse que ela foi pega de surpresa.
"Minha filha não escutou na hora. Mais tarde, postaram no grupo do WhatsApp as mensagens e alguns alunos concordaram e outros totalmente contra, falando que não concordavam, que aquilo era nojento", conta Jorge Cavalcante.
Em nota, o colégio afirmou que não compactua e repudia toda forma de discriminação. "A Direção da escola realizou o processo de apuração do ocorrido, com o objetivo de repreender com vigor quaisquer atos dessa natureza. Informamos, ainda, que as famílias dos estudantes envolvidos foram cientificadas dos fatos", declara a instituição.
Mensagens trocadas entre alunos do Colégio Pódion, em Brasília
Reprodução
Nas mensagens, é possível ver que alguns estudantes se revoltam com as agressões, mas outros parecem tentar amenizar as ofensas (veja foto acima). A família, então, procurou a Delegacia da Criança e do Adolescente.
"Decidi registrar a ocorrência para que o assunto não caia no esquecimento. Quero procurar a escola e ver o que eles têm para me dizer, porque, até agora, tudo que eles disseram foi que qualquer coisa a gente agenda um horário para esclarecimento", diz o pai da adolescente.
Em nota, o Ministério do Esporte se manifestou sobre o ocorrido. "É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o escolar", afirma a pasta (veja íntegra da nota abaixo).
Caso recente
No dia 3 de abril, alunos do Colégio Galois teriam usado palavras como "macaco", "pobrinho" e "filho de empregada" para discriminar os estudantes da Escola Franciscana Nossa Senhora de Fátima, na Asa Sul. O episódio ocorreu durante um jogo de futebol da "Liga das Escolas".
Nesta segunda-feira (29), o Galois informou que, dos 10 envolvidos no caso, metade decidiu se desligar do colégio por vontade própria. Aos demais, alguns foram desligados e outros tiveram sanções disciplinares aplicadas.
O que diz o Ministério do Esporte
"Pela segunda vez, em menos de um mês, a comunidade escolar de Brasília (DF) registra novo episódio que evidencia a importância do combate ao racismo e ao preconceito. Desta vez, a vítima foi uma aluna de uma escola particular, insultada enquanto participava de jogos interclasses da instituição.
O Ministério do Esporte, uma vez mais, reitera seu veemente repúdio a esse tipo de atitude. É inaceitável que episódios de discriminação racial persistam em nossa sociedade, especialmente em um ambiente tão importante para o desenvolvimento social e pessoal como o escolar.
O enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial são prioridades do Ministério do Esporte. Estamos em constante diálogo com organizações nacionais e internacionais para firmar parcerias que promovam ações educativas, preventivas e de combate ao racismo no esporte.
Expressamos nossa solidariedade à estudante e seus familiares, afetados por este lamentável episódio. Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação no esporte e na sociedade. Acompanharemos de perto a apuração dos fatos e das medidas legalmente cabíveis aos agressores."
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